quinta-feira, 22 de maio de 2008

A lógica dos dragões artistas

Este post deveria ficar com a Judite, mas ela com certeza já se esqueceu totalmente...

Fim de semana passado foi de Virada Cultural Paulista, mas no sábado fomos ajudar a Galatéia com um painel que ela tinha como encomenda pra fazer.

O trabalho perdurou até o domingo, quando dois garotinhos vieram nos inspecionar na área comum do prédio; um deles de 4 anos e o outro de 10. Chegou um momento em que o menor deles perguntou como nós tínhamos feito aquele painel (que pra ele deveria ser muito imenso, tinha aproximadamente 7,5 x 3,5m)... Bom, a Clio já ia dar uma explicação do tipo "primeiro a gente pegou o pincel" quando a Judite interrompeu falando que a gente tinha pedido a ajuda de um dragão, que ele tinha a asa quebrada e morava muito longe (na Noruega, de acordo com a Galatéia), que a gente teve que ligar no celular dele e pedir 'por favor' pra ele vir fazer uma mágica pra gente.

Bom, senhoras e senhores, foi então que o garoto sorriu maliciosamente e disse que dragões não existiam. Mas pera... a gente perguntou para os dois garotinhos se eles acreditavam em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa e eles confirmaram, continuando a rir a respeito do dragão e categoricamente afirmando que DRAGÕES NÃO EXISTEM! Poxa, é mais fácil acreditar em um velho gordo que mora num puta frio de congelar o cu lá no Pólo Norte, voa num trenó puxado por renas (sendo uma delas o Rudolf do Nariz Vermelho) e fabrica presentes pras crianças ricas e cristãs do mundo inteiro com seus ajudantes gnomos/anões/elfos/pirilampos encantados?!

E o Coelhinho da Páscoa então?! Oxe! Eu nunca, NUNCA consegui imaginar o Coelhinho da Páscoa; seria ele um coelho de verdade, branquinho de olhos vermelhos (igual ao da musiquinha), que levava ovos de chocolate NÃO SEI AONDE (no marsúpio mágico dele, quem sabe?) pra dar de presente pras crianças? Ou seria ele um coelhão igual ao do "Estranho Mundo de Jack", ou até pior: um coelhão personificado - falante e tudo?! Credo!

Foi estarrecedor ver que as crianças mais acreditavam em alegorias capitalistas do que em répteis gigantes semelhantes aos extintos dinossauros...

Talvez pela cultura ocidental que só cita os dragões na historinha de São Jorge (santo que ninguém além dos corinthianos devotos conhecem) ou nos velhos Contos de Fada que, convenhamos, são extremamente ... cafonas. Princesas que nunca devem ter peidado na vida, príncipes todos idênticos (todos eles são o Príncipe Encantado?! Poxa, o Príncipe Encantado tem o maior harém da história da literatura, com certeza!) e toda aquela moralzinha de beleza e perfeição jamais vista nem na época dos Renascentistas...

De quem é a culpa? O que há de errado com essas crianças? Por que é tão difícil acreditar em dragões?!

Acho que o que pegou mesmo foi que os garotos não queriam acreditar é na gente mesmo (na Judite, pra ser mais exata) ; ninguém com guache nos cotovelos, com uma trincha na mão deve ser confiável na moral deles, aposto. Vide a lógica do filme "Ela é demais" (pelamordedeus, oxe filme HORRENDO, que todo mundo viu quando tinha 14 anos e ficou apaixonada pela música "Kiss Me").

Bom, depois dessa experiência pedagógica, fomos ao show do Funk Como Le Gusta na Estação Cultura, e foi muuito bom!

Agora uma menininha tóxica e perigosa, que nem esses garotinhos. Já tá meio velhinha, fiz ano passado.

Beijo no pâncreas!


Um comentário:

Galatea disse...

quanto odio nesse coraçaozinhu uhahuauha XD